Para quem gosta de caminhos criativos

E-portfolio

 

"Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador

Tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,

Mas nele é que espelhou o céu."

 Fernando Pessoa, "Mar Português" in Mensagem

 

Introdução

Chegou ao fim este percurso de formação. Não é o fim de um caminho. Apenas o fim de uma etapa muito intensa, muito trabalhada e partilhada. Foram quatro meses muito preenchidos com inúmeros desafios: quebra-cabeças, puzzles cujas peças pareciam desirmanadas, uma relação ambivalente com estas ferramentas: medo e curiosidade, tudo em termos superlativos.

Há muito que pretendia aprender mais sobre ferramentas atractivas que optimizassem o trabalho que tenho desenvolvido na criação de materiais de apoio ou de auto-aprendizagem. Nos últimos anos tenho procurado estender o trabalho da aula, manifestamente insuficiente, ao tempo cada vez mais cres cente que os alunos passam online. Entre um mail e outro, entre a pausa dos jogos, tenho tentado estimulá-los com desafios que os levem a querer saber mais, a melhorar as suas técnicas de comunicação, a acreditar quemelhor é sempre possível.

Quando me inscrevi em Outubro, estava longe de adivinhar a complexidade deste processo. Nem eu, com todas as expectativas que trouxe na bagagem, nem os meus companheiros de oficina, imaginávamos quão gratificantes iriam ser os quatro meses seguintes. Porque tivémos a Adelina; porque fomos um grupo interessado; porque quisémos ir mais longe; porque aprendemos uns com os outros; porque reflectimos nos nossos textos e ainda mais com os dos outros... Porque...

Gosto de pensar que o que aprendi me vai ajudar a chegar a mais alunos, de outras maneiras. Serei mais eficaz nas minhas abordagens, certamente. Escrevi em algumas reflexões que nem sempre pude aplicar na prática o que fui aprendendo por aqui. Também a minha escola não acompanhou o choque tecnológico. Tem computadores, tem salas de informática, mas tem prioridades para a sua utilização e a minha disciplina não é uma delas.

 

O Processo

1.   Da pesquisa à reflexão

 

Animada por uma panóplia de ferramentas e pistas de exploração parti à descoberta da web! Fui apanhada entre duas gerações. A minha vida profissional decorreu até não há muito sob o paradigma do  espaço de leitura de uma infinitude de informaçôes, cujos conteúdos eram estáticos, sem possibilidade de edição. Por oposição, a nova geração Web  conhece um exponencial crescimento de aplicações, que utilizam novas técnicas e conceitos, permitindo que as suas páginas sejam mais atractivas e dinâmicas.   De repente, à distância de um clique tornei-me simultaneamente produtora e distribuidora de informação, em virtude das novas aplicações que fui descobrindo.

Paralelamente, a integração nas redes sociais como o o Linkedin e o Facebook, facilitaram e, de certo modo, estimularam o processo de interacção social e de aprendizagem, tendo por base a teoria de Vigotsky de que “todas as funções mentais mais avançadas surgem na sequência das relações entre diversos indivíduos”.

 

Colaborativamente, a rede também pode ser usada como uma ferramenta pedagógica para a construção de conceitos. Nesta oficina foi possível comprovar como a “arquitectura de participação” de muitos serviços online oferece um ambiente de fácil publicação e espaço para debates, recursos para a gestão colectiva do trabalho comum.

A inclusão das tecnologias móveis apresenta-se como um desafio, mas também como uma provocação contra os cânones ditados pela escola magistral, avessa ao uso dos recursos interactivos na sala de aula. Para muitos, os aparelhos difusores de informação são potenciadores de distracção e indisciplina em sala. Até mesmo entre os alunos, que cresceram sob a proibição do seu uso, afigura-se difícil a percepção da extrema utilidade que os mesmos podem ter como ferramenta de aprendizagem.

No início senti-me tentada a explorar mais esta ferramenta. Estava a fazer uma outra formação de QR Codes com o IEARN e a utilização do telemóvel como instrumento de aprendizagem estimulou-me a querer conhecer melhor a ferramenta. Mais uma vez faltou-me o tempo. Ainda desenvolvi o embrião no wirenode, que pretendo aprimorar em breve. Submeti na semana passada à Agência Nacional um projecto no âmbito do Comenius com a aplicação da tecnologia wirenode. Foi uma grande agitação na minha escola e nas escolas dos parceiros. Nunca ninguém tinha ouvido falar do wirenode e não percebiam como podíamos aceder ao trabalho desenvolvido pelos alunos via telemóvel. Veremos os frutos que colherei desta semente.

Refiro ainda a imersão num Ambiente Virtual de Aprendizagem. Como referi no forum, a minha entrada nos mundos virtuais teve duas fases: antes do nascimento da minha filha e agora. Há 13 anos, a comunicação virtual estava a "arrancar" e houve um conjunto de ferramentas, experiências, aprendizagens, que me deixaram deslumbrada com as múltiplas potencialidades que nasciam. Segui com atenção o desenvolvimento das comunidades de aprendizagem e a evolução dos espaços de e-learning, blended learning.. De facto, a aprendizagem tornou-se amplamento flexível e assente em premissas que desafiam a aula magistral que tem definido a escola.

Hoje, há trilhos que aguardam que avancemos na sua descoberta e subsequente exploração. Gostei de explorar o "edusims". Apesar dos exemplos serem para um público mais jovem do que aquele a que lecciono no momento, considero que o fascínio na manipulação dos "touch screens", de conceber e percepcionar a realidade em dimensões mais plurais do que até aqui, impulsiona-me a querer prosseguir, a ir mais além. Só me sinto travada com o desfasamento do desenvolvimento de ferramentas e software e depois a quase inexistência de equipamentos disponíveis que possa trazer para a aula para que a "magia" aconteça. Sei que não posso viver parada por não ter os ovos. O futuro está a ensinar-me a fazer omeletas com outro produto... Ainda não aprendi a orientar-me com a nova receita... O Sl proporciona-nos essa admirável entrada num mundo de faz de conta que quase nos surpreende por ser tão verosímil. Fiquei rendida.

 

2.    Da reflexão à acção

 Em casa, fui pondo de pé as ideias que fui tendo a partir do que vi ser proposto pelos colegas, pela Adelina, ou mesmo pr geração espontânea. A criatividade é um rastilho aceso que pega de onde menos se espera. De início inscrevi-me em muitas ferramentas, deslumbrada por serem muitas. Rapidamente desisti da ideia megalómana de experimentar tudo. Conhecer a fundo uam ferramenta leva o seu tempo e muitas vezes, só nos apercebemos das suas limitações ao fim de algumas horas de trabalho.

Explorei o googlesites e criei dois sites: o primeiro não teve grande desenvolvimento e foi  o cruzamento de informação que coloquei também no wirenode. A temática é Lisboa e poderá ter um ‘upload’ substancial, assim que houver algum tempo para explorar melhor o googlesites. O  outro site foi uma “brincadeira” criativa. A minha relação com os alunos inclui também o papel de divulgadora cultural. De tempos a tempos, a partir de um blog( googlepages) ou agora do googlesites crio uma pequena agenda cultural para estimular os seus horizontes. Por um lado preenche esse meu lado de “missionária cultural” e, por outro, diverte-me. É uma forma de conhecer espaços, actividades e, muitas das vezes, ideias para projectos lectivos.

Quis ir um pouco mais além nas ferramentas que conhecia, enquanto digeria o hotpotatoes, o que demorou algum tempo, já depois da euforia do Natal. Voltei ao blogspot para usá-lo como base de trabalho colaborativo. Descobri o slide e criei o perspectivas e recorri a vídeo de animação que aguardava uma oportunidade de sair do arquivo e surgiu uma boa história.

Aproximou-se a hora do Memorial do Convento e a webquest pareceu-me uma ferramenta interessante para potenciar o trabalho que nasce na aula e que por vezes não tem possibilidade, por tempo, ou por orientação, de ir mais além. Como não me entendi muito bem com o googlesites, passei ao estudo do Zunal. Foi um processo tranquilo e muito apreciado. Gostei de dar voz a Baltasar e Blimunda e preparo-me para brincar um bocadinho com a folia barroca.

A partir de Fevereiro iniciei o módulo dos textos dos media, o que me levou a ponderar a possibilidade de criar para esta oficina, pensando no usufruto da aula, um conjunto de materiais que estimulasse a compreensão de texto, a produção escrita, a pesquisa em materiais inovadores como a Infografia ou o Quiosque. Descobri o slide, que usei para trabalhar a imagem e a descodificação do texto icónico. Pensei voltar a usar o surveymonkey que conhecia de trabalhos anteriores. Não pude desenvolver o exercício pela limitação de possuir uma conta básica. A sugestão do Zoomerang foi providencial. É uma ferramenta muito interessante e que permite criar exercícios de diferentes tipologias, incluindo a inserção de links, vídeos, imagens, ficheiros áudio. Desenvolvi dois exercícios: a leitura do jornal e as palavras da década. Enviei convite aos alunos do 10º ano e já houve trabalho realizado na leitura do jornal. A maioria prefere a leitura da Bola.

Entretanto reforcei o meu investimento na compreensão do Hotpotatoes. Já tinha feito em tempos alguns exercícios, mas noto uma evolução do interface da ferramenta. Tentei aprofundar o conhecimento das suas várias potencialidades. Faltou-me incorporar os ficheiros áudio, os podcasts. faltou-me o tempo. Reformulei os exercícios que tinha enviado para o Forum porque davam erro. Qualquer distracção é fatal. Fiz o mesmo exercício milhentas vezes. Mudei aqui e ali, depois voltei a mudar, depois não aparecia...Foi preciso muita persistência! Segui os trâmites indicados no tutorial... fiquei-me pelo standard... o problema foi a cor, a imagem... o link... o nome do ficheiro que tinha algo separado e não é lido por alguns servidores... e ainda a letra maiúscula nos exercícios de matching... Consegui fazer quatro unidades : O revisor, Muda de vida, Cavaleiro monge e O menino de sua mãe. Aventurei-me na wikispaces para dar corpo a alguns exercícios de escrita colaborativa.

Consegui trabalhar os mapas conceptuais com os alunos de 12º ano recorrendo aos seus portáteis. Também a Biblioteca esteve inacessível aos grupos por força do seu comportamento indisciplinado naquele espaço... Explorámos em conjunto o conceito de mapa conceptual, procurámos compreender visualmente o conceito e depois lançamo-nos na produção. Nem todos lidaram facilmente com o Cmaptools. Uns experimentaram o Visio, que usam para construir os fluxogramas, outros preferiram usar o powerpoint. Foi importante a aprendizagem em colaboração. Nem sempre o professor se dispõe a ser agente de aprendizagem em simultâneo com os alunos. Não advém nenhum mal ao mundo, muito pelo contrário.

Como andei de candeias às avessas com o googlesites, descobri o webnode. Gostei do interface e fui desenvolvendo a Oficina da Palavra. É lá que estão todos os trabalhos significativos que fiz nesta formação.

 

 

O futuro

Continuar a aprender

O mote que me acompanha “ Melhor é sempre possível” impele-me a continuar. Houve muitas ferramentas que não explorei. Outras que vão surgindo. Penso que consegui fazer um trabalho consistente, perseverante, embuído de boa energia, para dar corpo a uma aventura que só agora começa. Vou ter tempo de aprender, de ensinar, não só aos alunos, mas também aos colegas que ainda não vislumbraram este potencial.

Deixo um especial agradecimento a todos, Adelina e colegas, pelo muito que trouxeram a esta oficina. A temática é muito interessante, mas a oficina são também as pessoas. Gostaria de continuar a partilhar o que for aprendendo. Há tanto para ver e o caminho é tão longo para se trilhar sem companhia.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



 

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